Publicado em: 30-10-2017

Com presidência eleita, CPI da Fosfoetanolamina recebe críticas de Hélio Schwartsman

By | 30/10/2017

Deputados estaduais de São Paulo planejam iniciar nos próximos dias as atividades da CPI da chamada “pílula do câncer”. Um dos possíveis alvos da investigação é o estudo realizado no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), que apontou a ineficácia da substância para tratar pacientes com câncer em estágio avançado. De dezenas de pacientes testados, apenas um obteve melhora – não necessariamente atribuível à candidata a droga anticâncer.

Defensores da substância afirmam que o suposto mecanismo de ação da droga requer um sistema imunológico preservado para gerar resultados positivos. No caso, os voluntários já estariam debilitados e não teriam condições de exibir tal resposta. No entanto, não há evidência científica que permita esse tipo de avaliação.

A CPI – Na quarta-feira (25/10), o deputado Roberto Massafera (PSDB) foi eleito presidente da CPI. Rafael Silva (PDT) foi escolhido o vice-presidente.  O deputado Ricardo Madalena (PR) defendeu que a CPI busque conduzir com imparcialidade as investigações sobre a substância para conscientizar a população. “Além disso, a comissão irá apurar as razões que motivam o Estado a não realizar pesquisas para a liberação da pílula do câncer”, afirmou.

Os deputados também almejam colocar em xeque a escolha da dosagem e do modo de administração do estudo do Icesp, algo questionado pelo criador da fosfoetanolamina, Gilberto Chierice, professor aposentado da USP.

A CPI convidará o professor de química da Universidade de São Paulo Gilberto Chierice, um dos pesquisadores que desenvolveu a substância, para explicar o funcionamento da pílula. Outras autoridades no assunto serão convidadas para prestar esclarecimentos na comissão.

O plano de trabalho da CPI será distribuído em 31 de outubro.

Opinião – o colunista da Folha de S.Paulo Hélio Schwartsman escreveu sobre o tema em seu espaço no jornal.

Ele se mostra incomodado com o fato de a CPI ter como alvo o estudo do Icesp e não a omissão do poder público: “Os parlamentares estariam dispostos a encontrar as falhas na pesquisa e assim quem sabe abrir caminho para legalizar a comercialização da pílula, como deseja um bom número de eleitores.”

E segue: “O foro adequado para fazê-lo, entretanto, não seria uma CPI, mas sim um artigo científico com argumentos técnicos que fossem capazes de convencer a comunidade de oncologistas.”

Schwartsman acrescenta que as melhores evidências disponíveis indicam que a fosfoetanolamina não cura câncer. “Mas, como essa não é a conclusão desejada, nossos representantes não a aceitam e buscam meios para estabelecer o contrário.” E conclui pontuando que os legisladores “parecem não entender (ou fingem ignorar, o que é pior) que o mundo impõe limites até à ação dos legisladores.”

Fontes: site da ALESP, blog Cadê a Cura?

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