Publicado em: 20-07-2018

Pesquisa aponta que queixas contra planos de saúde batem recorde histórico

By | 20/07/2018

Uma pesquisa do Instituto Datafolha feita a pedido da Associação Paulista de Medicina (APM) mostrou que 96% dos usuários de planos de saúde no Estado de São Paulo já enfrentaram algum problema na utilização dos serviços nos últimos dois anos. Em 2012, o número era de 77% – aumento de 25% entre os períodos analisados. O levantamento aponta problemas em pronto-atendimentos, consultas médicas, exames diagnósticos, internações hospitalares e cirurgias.  Os dados foram divulgados em entrevista coletiva à imprensa no dia 19 de julho.

“Estamos tratando de um assunto de suma importância, que é o sistema de saúde, um sonho de consumo da sociedade brasileira e um dos maiores problemas enfrentados no nosso País. Estamos comparando esses períodos, com base na opinião dos pacientes e dos médicos sobre a saúde suplementar, englobando convênios e seguros, além do vínculo com o sistema único de saúde”, explica o vice-presidente da APM, Akira Ishida.

Destacam-se negativamente a demora na marcação de consultas e a dificuldade de acesso.Nas consultas, os problemas cresceram de 64%, em 2012, para 76%, agora. Em seguida, exames e diagnósticos, que outrora representavam 40% dos problemas, este ano chegaram a 72%.

Houve ainda um aumento na procura de pronto-atendimento, de 58% para 71% de utilização do serviço; com o índice de problemas subindo de 72% para 82% entre 2012 e 2018. “De modo geral, todas essas ocorrências são maiores na Região Metropolitana do estado de São Paulo”, afirma a gerente de atendimento do Datafolha, Marlene Treuk.

Segundo a APM, cerca de 90% da população buscam os prontos-socorros para a assistência. “Esses números representam, na prática, a lógica comercial dos planos de saúde, que procuram trabalhar com redes restritas e insuficientes para o atendimento dos usuários”, acrescenta o diretor Administrativo e ex-presidente da APM, Florisval Meinão. Ele reitera as regras estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, que estabelecem prazos máximos de assistência, mas que na prática não são divulgadas nem seguidas pelos planos – 73% dos usuários disseram desconhecer os prazos. “Demonstra também a omissão da ANS em fiscalizar a organização e o dimensionamento da rede de atendimento”.

Migração para o SUS e judicialização

Com as dificuldades na saúde suplementar, 31% dos beneficiários do sistema buscaram atendimento na assistência pública ou particular, nos últimos dois anos anteriores à pesquisa. Em 2012, a utilização desse serviço representou 20% dos usuários. “É inaceitável ter uma parcela significativa de pessoas procurando o sistema único de saúde porque não tem atendimento no plano de saúde. Há uma legislação que obriga as empresas a ressarcirem o SUS pela assistência prestada, mas isso não é devidamente fiscalizado e cumprido”, reforça Florisval Meinão.

A pesquisa aponta também que, devido aos problemas recorrentes na saúde suplementar, 4% dos entrevistados já recorreram à Justiça contra algum plano de saúde, número duas vezes maior que o de  2012. “Quatro por cento da população, de uma projeção de 11 milhões de pacientes, representam 400 mil ações na Justiça somente no estado de São Paulo. Se olharmos para o SUS, essa estatística é maior, ou seja, a judicialização na Saúde é algo extremamente penoso para os usuários. Além disso, os recursos gerados com esses processos seriam melhor administrados se fossem revertidos para a assistência médica”, analisa o ex-presidente da Associação.

Em suma, 66% dos usuários concordam que a rede suplementar dificulta a realização de procedimentos de maior custo; já 52% deles acreditam que os planos não cumprem todas as regras estabelecidas em contrato; e, por fim, 52% dos usuários afirmam que a assistência coloca limitações à atuação médica.

“Esses números são eloquentes para demonstrar a percepção dos pacientes sobre os planos de saúde. Na verdade, há uma crise de confiança por parte desses beneficiários, porque as dificuldades tornam-se muitas vezes maiores que as do sistema público. Ou seja, têm a percepção de que a assistência suplementar não atende sua necessidade”, confirma Meinão.

O levantamento teve 836 entrevistas com moradores do estado de São Paulo, maiores de 18 anos, de todas as classes econômicas, que possuem plano ou seguro saúde como titulares ou dependentes, entre os dias 25 de abril e 2 de maio. A projeção do público-alvo abrange 11,2 milhões (32%) de beneficiários de planos de saúde. A margem de erro é de três pontos percentuais.

 

As informações são da Associação Paulista de Medicina.

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